Aposentadoria Especial da Pessoa com Deficiência /
Avaliação social para Aposentadoria da Pessoa com Deficiência
Você sabia que pessoas com deficiência têm direitos garantidos pela legislação brasileira, mas muitas vezes encontram dificuldades para acessá-los?
Um dos passos fundamentais para garantir esses direitos é passar pela avaliação social, um processo indispensável para quem busca benefícios como o BPC/LOAS ou a aposentadoria da pessoa com deficiência.
Mas afinal, como essa avaliação funciona e quais são os critérios utilizados?
Neste texto, você vai entender tudo o que precisa saber sobre o tema e como se preparar para enfrentar esse processo com segurança e confiança.
E caso você queira entrar em contato com nosso time de advogados especialistas para sua aposentadoria PCD, entre na área de atendimento.
Quais são os requisitos para receber o BPC?
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um direito garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e assegura o pagamento de um salário-mínimo mensal para pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social.
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Os principais requisitos para recebê-lo são:
- Ser idoso ou pessoa com deficiência
- Idoso: ter 65 anos ou mais;
- Pessoa com deficiência: ter impedimentos de longo prazo (mínimo de 2 anos) que dificultem a participação plena na sociedade, como limitações físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais.
- Comprovar baixa renda familiar
A renda per capita (por pessoa) da família deve ser igual ou inferior a 1/2 do salário-mínimo vigente.
- Inscrição no CadÚnico
É obrigatório que o solicitante e sua família estejam cadastrados no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), que deve estar atualizado nos últimos dois anos.
- Avaliação Social e Médica
A pessoa com deficiência deve passar por uma avaliação médica realizada por peritos do INSS e uma avaliação social feita por assistentes sociais, que analisam o impacto da deficiência na vida cotidiana.
- Não receber outro benefício previdenciário ou assistencial
O BPC não pode ser acumulado com outros benefícios, como aposentadoria ou pensão, exceto benefícios de natureza médica, como o auxílio-acidente.
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Que tipos de deficiências têm direito à aposentadoria especial?
Tem direito a essa aposentadoria especial do PCD toda pessoa que possui deficiência, que cumpriu carência e que tem qualidade de segurado. Ou seja, se contribuiu o suficiente para o INSS.
E se for confirmado que você possui uma deficiência, a aposentadoria é um direito, não importando o grau da deficiência, ainda mais se estivermos falando de aposentadoria por idade, por exemplo.
Entretanto, você precisa se atentar que a deficiência precisa ser reconhecida perante a lei brasileira como deficiência. Portanto, parte deste princípio inicial: o que está sendo considerado deficiência pela lei.
Um exemplo é o TDAH, que possui um projeto para ser reconhecido como deficiência, mas no momento, ainda não é. Portanto, não dá direito à aposentadoria especial.
Além disso, há casos de doenças que podem impactar a vida de uma pessoa, causando algum nível de deficiência. Como, por exemplo:
- doença de Crohn;
- síndrome de Turner;
- alta miopia;
- tumor ocular;
- síndrome de Tourette;
- síndrome do Angelman;
- entre outras.
Mas mesmo assim, o nível do impacto destas doenças na vida da pessoa é decisivo para a aposentadoria PCD ser uma opção.
Elas precisam ter alguma condição a mais que caracterize a doença como deficiência. A doença por si só não caracteriza.
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Como é feita a avaliação da pessoa com deficiência?
A perícia para a aposentadoria, realizada pelo INSS, se chama perícia psicossocial.
Essa avaliação considera não apenas os aspectos médicos (biológicos ou físicos) da condição do segurado, mas também os aspectos psicológicos e sociais que podem influenciar sua capacidade de viver com o tipo de deficiência.
A avaliação biopsicossocial visa obter uma visão abrangente da situação do segurado, considerando fatores médicos, psicológicos e sociais.
Ela envolve geralmente a interação com profissionais da área de saúde, incluindo médicos, peritos e psicólogos, que avaliam a condição física, mental e emocional do segurado.
A perícia se baseia em um questionário com pontos, onde o avaliador, por meio de uma entrevista com a pessoa, avalia o tipo de impacto social, psicológico, mental e até mesmo emocional da deficiência.
O que é avaliação social da aposentadoria da pessoa com deficiência?
A avaliação social da aposentadoria da pessoa com deficiência é um procedimento realizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para analisar o impacto que a deficiência tem na vida cotidiana e na capacidade de participação plena da pessoa na sociedade.
Essa avaliação é essencial para determinar o direito à aposentadoria especial destinada a pessoas com deficiência, garantida pela Lei Complementar n.º 142/2013.
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Como é feita a avaliação social da pessoa com deficiência?
O INSS realiza a perícia biopsicossocial da aposentadoria da pessoa com deficiência em diferentes etapas. Assim, o INSS busca entender o impacto dela na vida da pessoa e em qual grau ela pode ser categorizada.
Sendo assim, o perito vai preencher um formulário, o Índice de Funcionalidade Brasileiro Aplicado para Fins de Aposentadoria – IFBrA, que avalia por meio de pontuação esse grau.
O IFBrA se baseia em análises, considerando um sistema de avaliação de pontos:
- Identificação do avaliado (nome, cor, data de nascimento, diagnóstico médico, tipo de deficiência);
- Atividades e participações (nível de independência em atividades funcionais);
- Barreiras externas (produtos e tecnologia, ambiente, apoio e relacionamentos, atitudes, serviços sistemas e políticas);
- Modelo linguístico (baseado em modelos auditivo, intelectual – cognitivo/mental -, motor e visual);
- Níveis de independência (se realiza ou não certas atividades do dia-a-dia e com que nível de dificuldade);
- Dimensão socioeconômica (procura investigar o perfil e as características de trabalho, educação e renda, além das condições de acesso a serviços públicos e infraestrutura básica).
Depois disso, uma avaliação de níveis de independência para diferentes atividades ocorre. Ou seja, o perito analisa como a pessoa com deficiência faz suas atividades cotidianas e qual é o nível de dificuldade que ela encontra.
Outro ponto de importância são as barreiras externas, sim, as dificuldades que a pessoa com deficiência encontra ao seu redor. Como produtos e tecnologias, o ambiente no qual ela está inserida, serviços públicos que ela tem ou não acesso, se conta com apoio de familiares ou não, etc.
E por fim, uma análise socioeconômica também é feita, para entender o perfil e as características de trabalho, educação e renda da pessoa avaliada.
Quais as etapas de perícia?
A perícia biopsicossocial é um procedimento que avalia a pessoa com deficiência de forma integrada, considerando os aspectos biológicos, psicológicos e sociais que afetam sua vida.
Essa abordagem é especialmente importante para determinar a elegibilidade para benefícios previdenciários ou assistenciais, como a aposentadoria da pessoa com deficiência e o BPC/LOAS.
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Perícia biopsicossocial
- Avaliação Médica Pericial
Realizada por um médico perito do INSS, essa etapa verifica o aspecto biológico da deficiência.
Objetivo:
Confirmar a existência, o tipo e o grau da deficiência.
Procedimentos:
- Análise de laudos médicos, exames e relatórios de saúde;
- Exame físico ou observação clínica.
- Avaliação da duração e progressão da deficiência,
- Avaliação Social
Conduzida por um assistente social, essa etapa avalia os impactos psicossociais da deficiência na vida do segurado.
Objetivo:
Analisar o impacto da deficiência nas atividades do dia a dia e na integração social e laboral.
- Procedimentos:
- Entrevista: coleta de informações sobre a rotina da pessoa, ambiente familiar, trabalho, estudo e outras áreas;
- Análise do contexto social: verificação das condições de vida, acessibilidade e suporte disponível na comunidade;
- Classificação do grau de deficiência: leve, moderado ou grave, com base em como a deficiência afeta a funcionalidade e autonomia da pessoa.
Dicas úteis para você:
- Documentação completa: leve todos os laudos médicos, receitas, relatórios e outros documentos que comprovem a deficiência;
- Atualize o CadÚnico (se aplicável): para benefícios assistenciais, é obrigatório estar cadastrado;
- Prepare-se para a entrevista: reflita sobre as dificuldades que enfrenta no dia a dia para explicá-las claramente durante a avaliação social.
Toda comprovação da deficiência, assim como o grau dela é bem-vinda!
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Perícia médica
A perícia médica no INSS é uma avaliação realizada por um médico perito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para verificar se o segurado possui condições que justifiquem o recebimento de benefícios previdenciários ou assistenciais.
Essa perícia é indispensável em casos como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, BPC/LOAS e outros benefícios relacionados à incapacidade ou deficiência.
Novamente, laudos, exames, relatórios médicos, receitas e atestados que comprovem a condição de saúde são de extrema importância.
O que falar na avaliação social BPC?
Na avaliação social do BPC (Benefício de Prestação Continuada), é essencial que você forneça informações claras e detalhadas sobre sua rotina, dificuldades e contexto de vida.
O objetivo da entrevista, conduzida por um assistente social, é entender como as condições de vulnerabilidade social e, se for o caso, a deficiência impactam sua capacidade de viver com dignidade e participar plenamente da sociedade.
Dicas úteis para você:
- Seja honesto(a): forneça informações verdadeiras sobre sua realidade. O objetivo é entender sua vulnerabilidade para garantir seus direitos;
- Traga documentos: Leve laudos médicos, atestados, comprovantes de renda e outros documentos que ajudem a confirmar suas condições;
- Explique com clareza: se houver algo que você acha que o assistente social precisa saber, não hesite em mencionar, mesmo que não seja perguntado diretamente.
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Como é feita a perícia médica para Avaliação social para Aposentadoria da Pessoa com Deficiência?
A avaliação médica é conduzida por um médico perito do INSS e tem como objetivo identificar a existência e o grau da deficiência.
O médico faz perguntas sobre o histórico de saúde do segurado, incluindo informações sobre diagnósticos, tratamentos, limitações e uso de medicamentos.
São avaliados laudos, exames, atestados e relatórios que comprovem a existência da deficiência.
O perito pode realizar testes ou observações para verificar a funcionalidade do segurado e o impacto da deficiência.
O médico classifica a deficiência como leve, moderada ou grave, considerando critérios de comprometimento físico, mental, intelectual ou sensorial.
O que preciso levar na perícia médica?
Na perícia médica do INSS, é essencial apresentar documentos e informações que comprovem sua condição de saúde e o impacto dela na sua vida ou trabalho. Uma documentação completa aumenta as chances de sucesso na análise.
Os principais documentos para apresentar durante a avaliação social do INSS são:
Documentos Pessoais:
- RG e CPF ou documento oficial com foto;
- Carteira de trabalho (se aplicável);
- Comprovante de agendamento da perícia (impresso ou digital).
Documentos Médicos:
- Atestados e laudos médicos: devem descrever sua doença ou condição, indicando CID (Classificação Internacional de Doenças) e o impacto na sua capacidade funcional;
- Exames complementares: raio-X, ressonâncias, tomografias, exames laboratoriais ou outros que comprovem a gravidade da sua condição;
- Receitas médicas: especialmente de medicamentos contínuos, indicando tratamentos em curso;
- Relatórios médicos: emitidos por médicos especialistas, detalhando seu estado de saúde, tratamentos realizados e prognóstico.
Outros Documentos Relevantes:
- Comprovantes de internações ou cirurgias: caso tenha passado por tratamentos hospitalares;
- Documentos de processos anteriores: se já passou por perícias médicas ou teve benefícios concedidos/negados anteriormente;
- Declarações complementares: caso receba apoio de terceiros, como cuidadores ou familiares, pode apresentar documentos ou relatos que descrevam essa necessidade.
Uma boa preparação é essencial para garantir que o perito tenha uma visão clara da sua condição e tome uma decisão justa sobre seu benefício.
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É muito importante que, neste caso, você leve também documentos médicos antigos. Isso serve para comprovar há quanto tempo existe a deficiência.
Quais documentos levar para avaliação social do INSS
Para a avaliação social do INSS, é importante levar documentos que comprovem sua situação de vida, condição de saúde, renda e outros aspectos relevantes para a análise.
Esses documentos ajudam o assistente social a entender seu contexto e a determinar se você atende aos critérios necessários para o benefício solicitado, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada).
Documentos Pessoais:
- RG e CPF ou documento oficial com foto;
- Comprovante de residência atualizado (conta de luz, água, telefone ou outro que mostre seu endereço completo);
- Carteira de trabalho e cartão de inscrição no PIS/PASEP, se aplicável.
Documentos Relacionados à Renda e Situação Econômica:
- Comprovantes de renda familiar (contracheques, extratos bancários, declaração de imposto de renda, comprovante de benefício assistencial ou previdenciário, entre outros);
- Declaração de próprio punho informando a situação financeira, caso seja necessário detalhar a composição da renda familiar;
- Documentos de bens (certificados de propriedade de veículos, imóveis, ou outros bens relevantes).
Levar a documentação correta e estar preparado para explicar sua situação ajuda o assistente social a ter uma visão clara da sua necessidade e a decidir sobre a concessão do benefício de forma justa.
Quanto tempo demora para sair o resultado da avaliação social do BPC?
O tempo para receber o resultado da avaliação social do BPC (Benefício de Prestação Continuada) pode variar, mas, em geral, o processo completo, que inclui a análise do pedido e das avaliações médicas e sociais, pode levar de 30 a 90 dias após o agendamento da perícia social e médica.
Como saber o resultado da avaliação social BPC?
Para saber o resultado da avaliação social do BPC (Benefício de Prestação Continuada), você pode seguir alguns passos simples para acompanhar a situação do processo e receber a resposta.
Abaixo, veja as opções!
O texto continua após formulário.
Consultando pelo Meu INSS
Para consultar pelo Meu INSS, siga os passos:
- Acesse o site do Meu INSS ou baixe o aplicativo Meu INSS no seu smartphone;
- Faça login: insira seu CPF e senha para acessar sua conta. Se você ainda não tiver um cadastro, pode criar uma conta com seus dados pessoais;
- Consulta de Benefícios: na página inicial, clique em “Consultar Meu Benefício” ou “Resultado de Pedido” para verificar a situação do seu pedido de BPC.
Detalhes do processo: você poderá visualizar se o resultado da análise está disponível, e se o benefício foi concedido ou negado. Caso o benefício tenha sido concedido, a data de início e outras informações também estarão disponíveis.
Consultando BPC pela central 135
Já se você prefere pelo telefone oficial do INSS, o 135, você precisa:
- Central de Atendimento 135: você pode ligar para o telefone 135, que é a central de atendimento do INSS. Siga as instruções para falar com um representante e consultar a situação do seu pedido;
- Horário de atendimento: a central funciona de segunda a sábado, das 7h às 22h, e é uma opção prática para quem não tem acesso à internet.
Consultando BPC Presencialmente
Na verdade, não é possível consultar o resultado da avaliação social do BPC presencialmente em uma agência do INSS.
O processo de solicitação e análise do BPC é realizado de forma centralizada, e as consultas devem ser feitas por meios digitais ou telefônicos.
Conclusão
A avaliação social é mais do que um procedimento burocrático; ela é uma ferramenta essencial para assegurar que os direitos das pessoas com deficiência sejam respeitados e acessados.
Compreender como ela funciona é o primeiro passo para evitar surpresas e garantir que tudo esteja alinhado com suas necessidades e a legislação vigente.
Se você ainda tem dúvidas ou precisa de suporte, buscar orientação profissional pode fazer toda a diferença. Não deixe que a falta de informação seja um obstáculo para conquistar os seus direitos!
Marcela Cunha
Advogada, OAB/SC 47.372 e OAB/RS 110.535A, sócia da Koetz Advocacia. Bacharela em Direito pela Faculdade Cenecista de Osório – FACOS. Pós-Graduanda em Direito Previdenciário pela Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul (ESM...
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