
Aposentadoria para técnico de enfermagem: como funciona?
A aposentadoria é um dos momentos mais aguardados por muitos profissionais, especialmente aqueles que dedicam sua carreira ao cuidado do próximo, como os técnicos de enfermagem.
No entanto, as regras para garantir esse direito podem gerar dúvidas, principalmente com as mudanças introduzidas pela reforma da Previdência.
Se você é técnico de enfermagem ou conhece alguém nessa área, entender os requisitos, os benefícios e as especificidades dessa aposentadoria é essencial para um planejamento tranquilo e seguro.
Neste texto, vou explicar como funciona a aposentadoria para técnicos de enfermagem, destacando as regras atuais e os principais pontos a serem observados.
Tem dúvidas sobre o seu caso? O ideal é solicitar atendimento com advogados especialistas em direito previdenciário.
Como ficou a aposentadoria do técnico de enfermagem?
A aposentadoria para técnicos de enfermagem possui regras diferenciadas, que são mais vantajosas do que as da aposentadoria comum. No entanto, essas regras passaram por algumas alterações com a Reforma da Previdência.
Trata-se de uma aposentadoria especial, que oferece um tempo de contribuição reduzido. O tempo de serviço exigido pode variar conforme o grau de risco da atividade desempenhada, mas, para os técnicos de enfermagem, é considerado de baixo risco. Em geral, é possível se aposentar após 25 anos de trabalho em condições especiais.
Essa condição especial é garantida devido à exposição constante a riscos biológicos no ambiente de trabalho. Por estarem em contato direto com pacientes, em hospitais e unidades de terapia intensiva, os técnicos de enfermagem lidam com microrganismos que podem causar doenças e infecções, o que justifica o reconhecimento da sua atividade como especial.
Com a Reforma da Previdência, em vigor desde 2019, a aposentadoria especial para técnicos de enfermagem passou por mudanças importantes. Agora, além do tempo de contribuição, você precisa cumprir um dos critérios adicionais a seguir:
- Ter completado 25 anos de contribuição em atividade especial até 12/11/2019;
- Ter os 25 anos de contribuição em qualquer data, desde que tenha pelo menos 60 anos de idade;
- Alcançar os 86 pontos, somando idade e tempo de contribuição.
O cálculo do valor do benefício também sofreu alterações após a Reforma e, infelizmente, deixou de ser tão vantajoso quanto o previsto nas regras anteriores.
A seguir, vamos detalhar todos os requisitos necessários para solicitar sua aposentadoria. Continue a leitura!
O texto continua após o vídeo.
Técnico de enfermagem se aposenta com quantos anos?
A idade para a aposentadoria de um técnico de enfermagem varia conforme a regra escolhida para o benefício.
Pela nova regra da Reforma da Previdência, você precisa ter 60 anos de idade. No entanto, se o segurado se enquadrar no direito adquirido ou optar pela regra de transição de pontos, não há exigência de idade mínima para a aposentadoria especial.
Achou complicado? Não se preocupe, vou esclarecer:
Antes da Reforma da Previdência, o técnico de enfermagem precisava cumprir apenas o requisito de tempo de contribuição.
Ou seja, bastava completar 25 anos de contribuição para se aposentar, independentemente da idade. Se o segurado cumpriu esses requisitos antes da Reforma, ainda pode garantir o direito à aposentadoria sem a exigência de idade mínima.
Já após a Reforma, surgiram duas novas regras: a Nova Aposentadoria Especial e a Regra de Transição da Aposentadoria Especial.
Na regra de transição, não há exigência de idade mínima, mas ela é válida apenas para quem começou a contribuir antes da Reforma.
Essa regra exige 25 anos de contribuição especial comprovados, além de uma pontuação mínima. Os pontos são calculados somando a idade e o tempo de contribuição.
Por outro lado, a nova regra especial, válida para quem começou a contribuir após 12/11/2019, estabelece a obrigatoriedade de uma idade mínima.
Nesse caso, o técnico de enfermagem deve comprovar 25 anos de contribuição especial e ter, no mínimo, 60 anos de idade.
Com essas explicações, você já pode identificar qual regra melhor se aplica ao seu caso e planejar sua aposentadoria de forma mais clara!
O texto continua após o formulário.
Técnico de enfermagem tem direito a aposentadoria especial?
O técnico de enfermagem tem direito à aposentadoria especial devido à natureza de sua atividade, considerada insalubre. Isso ocorre porque esse profissional está constantemente exposto a agentes biológicos nocivos, como vírus, bactérias e outros microrganismos, em ambientes hospitalares e unidades de saúde.
Essa exposição contínua a riscos à saúde é reconhecida pela legislação, garantindo aos técnicos de enfermagem condições diferenciadas para a aposentadoria.
Se você é técnico de enfermagem, é fundamental compreender essas regras e os direitos que você tem, para planejar sua aposentadoria da maneira mais eficiente possível. Contar com uma orientação especializada pode ser decisivo para garantir que você maximize o valor do seu benefício e aproveite todas as vantagens disponíveis.
Projeto de Lei para aposentadoria especial enfermagem
Atualmente, a legislação prevê que, para obter a aposentadoria especial, o técnico de enfermagem deve comprovar 25 anos de efetiva exposição a agentes nocivos.
Contudo, com a Reforma da Previdência de 2019, foram introduzidas novas regras, incluindo a exigência de idade mínima para a concessão do benefício.
Em 2021, foi apresentado o Projeto de Lei Complementar (PLP) n.º 174/2021, de autoria do senador Paulo Paim, que visa regulamentar a aposentadoria especial para os profissionais de enfermagem.
O projeto propõe que esses profissionais possam se aposentar após 25 anos de contribuição em atividade especial, reconhecendo a exposição habitual e permanente a agentes prejudiciais à saúde.
Atualmente, o PLP 174/2021 está em tramitação no Senado Federal, aguardando designação de relator na Comissão de Assuntos Econômicos desde maio de 2023.
Além disso, há o PLP 42/2023, de autoria do deputado Alberto Fraga, este projeto busca regulamentar a aposentadoria especial para trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde, incluindo profissionais de enfermagem.
A proposta prevê a concessão de aposentadoria especial após 25 anos de contribuição, sem exigência de idade mínima, para aqueles que comprovem exposição habitual e permanente a agentes prejudiciais. O valor do benefício seria equivalente a 100% da média das contribuições.
Situação Atual:
- PLP 174/2021: o projeto foi apresentado e aguarda deliberação nas comissões pertinentes do Senado Federal;
- PLP 42/2023: aprovado na Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados em abril de 2024, o projeto segue para análise em outras comissões antes de ser submetido ao Plenário.
É importante destacar que, embora existam projetos de lei em tramitação visando regulamentar a aposentadoria especial para os profissionais de enfermagem, as regras atuais já reconhecem o direito a esse benefício, desde que cumpridos os requisitos legais.
O texto continua após o formulário.
Qual é o valor da aposentadoria de um técnico de enfermagem?
O valor da aposentadoria para técnicos de enfermagem varia conforme a regra aplicada, já que o cálculo muda antes e depois da Reforma da Previdência.
Se você possui direito adquirido, o cálculo será baseado na média das 80% maiores contribuições realizadas ao INSS desde julho de 1994.
A grande vantagem dessa regra é que, na aposentadoria especial por direito adquirido, não há redução no valor devido à idade. Isso é diferente da aposentadoria comum, que aplica o fator previdenciário, reduzindo o benefício de pessoas que se aposentam mais jovens.
Por outro lado, se você se aposentar pelas regras criadas após a Reforma, o cálculo será diferente. O valor inicial corresponderá a 60% da média de todas as contribuições feitas ao INSS desde julho de 1994.
Por que isso pode ser menos vantajoso?
Porque antes a média considerava apenas os salários mais altos; agora, entram no cálculo todas as contribuições, inclusive as menores, reduzindo o resultado final.
Além disso, na nova regra, não se recebe a média integral. Após calcular a média, aplica-se um redutor: você começará recebendo apenas 60% do valor, com um acréscimo de 2% por ano que ultrapassar o tempo mínimo de contribuição para o cálculo.
Esse tempo mínimo é de 20 anos para homens e 15 anos para mulheres.
Importante: esse tempo mínimo é utilizado apenas para o cálculo do valor da aposentadoria. Para ter direito à aposentadoria especial, é indispensável comprovar 25 anos de atividade especial.
Quais os documentos para comprovar a atividade especial como técnico de enfermagem?
A documentação necessária para comprovar a atividade especial como técnico de enfermagem varia conforme o período em que o trabalho foi realizado.
Até abril de 1995, bastava comprovar o exercício da profissão listada na legislação como atividade especial. Ou seja, não era necessário apresentar laudos ou documentos adicionais, apenas comprovar que você atuava na área.
Se você trabalhou nesse período, a simples comprovação da profissão já é suficiente.
A partir de abril de 1995, passou a ser exigida a comprovação da exposição a agentes nocivos. Atualmente, essa comprovação é feita principalmente por meio do LTCAT (Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho) e do PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário).
O texto continua após o vídeo.
Documentos que podem ser utilizados:
- Formulários e laudos técnicos para períodos entre abril de 1995 e 2003;
- PPP e LTCAT: elaborados por médicos do trabalho ou engenheiros de segurança, detalham as atividades desenvolvidas e os riscos envolvidos. Esses documentos são obrigatórios desde 2004.
Outros documentos complementares:
- Certificados de cursos, treinamentos e apostilas que comprovem a profissão;
- Laudos de insalubridade decorrentes de ações trabalhistas;
- Formulários antigos, como DIRBEN 8030, SB-40, DISES BE 5235 e DSS 8030;
- Provas testemunhais;
- Solicitações de perícia indireta.
Dica importante: consulte um advogado especializado para garantir que o processo seja instruído corretamente com os documentos necessários. Esse serviço é essencial, já que a falta de documentação adequada é uma das principais causas para a negativa de aposentadorias. Além disso, reunir essas provas é um trabalho detalhado que exige conhecimento técnico e jurídico para evitar erros e agilizar o processo.
Como conseguir o PPP para técnico de enfermagem?
Para solicitar o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) como técnico de enfermagem, é necessário entrar em contato com o setor responsável da empresa ou órgão público onde você trabalhou. Normalmente, o setor de Recursos Humanos (RH) é o responsável por fornecer esse documento, mas em algumas situações, pode ser outro departamento. Por isso, é importante confirmar internamente e fazer a solicitação para todos os vínculos de trabalho que você teve.
Após receber o PPP, guarde-o em um local seguro, pois a falta desse documento pode comprometer a concessão da aposentadoria especial.
Dica importante: Solicite o PPP por um meio que deixe um registro formal, como e-mail ou protocolo de atendimento. Dessa forma, você terá uma prova de que fez a solicitação, caso a empresa se recuse a fornecer o documento.
O texto continua após o vídeo.
Quais os requisitos para aposentadoria especial para os técnicos em enfermagem?
A aposentadoria especial é um direito dos profissionais que desempenham atividades com exposição a agentes nocivos à saúde, e os técnicos de enfermagem se enquadram nessa categoria.
No entanto, para alcançar esse benefício, você precisa cumprir uma série de requisitos específicos estabelecidos pela legislação previdenciária.
Neste tópico, vou explicar de forma clara e objetiva quais são as condições que os técnicos de enfermagem devem atender para conquistar a aposentadoria especial, abordando desde o tempo de contribuição até a comprovação da atividade profissional.
Acompanhe!
Qual a regra da especial no Direito Adquirido?
A regra de direito adquirido para a aposentadoria especial exige que o segurado tenha completado 25 anos de contribuição até a Reforma da Previdência, em 12/11/2019. Essa disposição garante que quem já havia alcançado os requisitos até a mudança da lei, mas ainda não havia solicitado a aposentadoria, possa se aposentar com as regras anteriores.
Portanto, técnicos de enfermagem que completaram 25 anos de contribuição em atividade especial até a Reforma, e desejam se aposentar pela regra antiga, têm o direito de exercer essa opção, mesmo após a Reforma.
Com isso, o técnico de enfermagem que tiver completado 25 anos de contribuição em atividade especial até a Reforma da Previdência e desejar se aposentar pela aposentadoria especial na regra antiga, poderá exercer o seu direito, mesmo após a Reforma da Previdência.
O texto continua após o vídeo.
Qual a regra de transição na aposentadoria especial?
A regra de transição na aposentadoria especial é ter o tempo de contribuição de 25 anos de trabalho na atividade especial mais a pontuação de 86 pontos.
A regra de transição para a aposentadoria especial é baseada no sistema de pontos, onde o trabalhador precisa atingir uma pontuação mínima ao somar sua idade e o tempo de contribuição.
Portanto, para aqueles segurados que já estavam contribuindo, mas não preencheram os requisitos para aposentadoria até a Reforma da Previdência em 2019, existe a regra de transição.
No caso da aposentadoria especial do técnico de enfermagem é a regra de pontos.
Qual a regra da especial após a reforma?
Após a Reforma da Previdência, a aposentadoria especial passou a exigir idade mínima na regra permanente. Dessa forma, o técnico de enfermagem, além de cumprir os 25 anos de contribuição, precisará também comprovar a idade mínima.
De acordo com a regra permanente, para se aposentar pela nova aposentadoria especial, o técnico de enfermagem deve ter 25 anos de contribuição e atingir 60 anos de idade.
Requisitos adicionais para servidor público
O técnico de enfermagem que for servidor público também tem direito a aposentadoria especial se cumprir os requisitos!
Conforme previsão da Súmula Vinculante n. 33 do Supremo Tribunal Federal (STF), se aplicam ao servidor público as regras do regime geral de previdência social sobre aposentadoria especial, até a edição de lei complementar específica.
Desse modo, as regras para aposentadoria do servidor público técnico de enfermagem são as mesmas que os profissionais não servidores. Portanto, as opções são:
- Direito adquirido: ter completado 25 anos de atividade especial comprovada até 12/11/2019 + critérios específicos do seu RPPS (como tempo no cargo, entre outros);
- Para quem não completou o tempo antes da reforma: ter 25 anos de tempo especial mais 86 pontos em 2022 + critérios específicos do seu RPPS (como tempo no cargo, entre outros);
- Se começou a contribuir depois da reforma: ter 60 anos de idade mais 25 anos de contribuição + critérios específicos do seu RPPS (como tempo no cargo, entre outros).
O texto continua após o vídeo.
Atenção: cada RPPS possui suas próprias regras, por isso é fundamental ficar atento para não ser prejudicado. Em caso de dúvidas, consulte um advogado especialista em Direito Previdenciário para garantir que seus direitos sejam preservados.
Conclusão
Compreender as regras da aposentadoria para técnicos de enfermagem é essencial para garantir que todo o esforço e dedicação ao longo da carreira sejam recompensados com segurança financeira e tranquilidade.
Agora que você conhece os principais detalhes, é hora de planejar o futuro com mais clareza. Não deixe para depois o que você pode garantir hoje! Buscar orientação profissional pode ser o passo decisivo para maximizar seus benefícios e alcançar uma aposentadoria tranquila e merecida.
Lembre-se: cuidar do seu futuro é tão importante quanto o cuidado que você dedica aos outros todos os dias.
Daiana da Costa Pereira
Daiana da Costa Pereira é graduanda em Direito pela Universidade Feevale de Novo Hamburgo/RS. Atuando com atendimentos em demandas de Direito Previdenciário desde 2014. É apaixonada por direito previdenciário. É seletora de Desenvolvimento de Re...
Saiba mais